Peça #26:
"Os quatro Ventos" (ventiladores e a vestimenta dourada usada no happening)
"Os Quatro Ventos" é uma instalação composta por quatro ventiladores no chão, apontados para a vestimenta dourada usada por Alexandre Mury durante o happening "Formas Múltiplas de Continuidade no Espaço". A vestimenta, que outrora abrigou o corpo do artista durante a performance, agora repousa vazia, sendo movimentada pelo fluxo de ar contínuo.
O título, "Os Quatro Ventos", evoca uma conexão direta com o conceito de georreferenciamento, fazendo alusão aos pontos cardeais – norte, sul, leste e oeste – como símbolos de orientação no espaço físico e digital. Essa obra, assim como o marco histórico criado por Mury no Google Maps, reflete a ideia de uma arte que se expande e se desloca, ocupando tanto o território físico quanto o virtual. A relação entre os quatro ventiladores e o georreferenciamento sugere que a obra não está confinada a um único espaço, mas é dispersa, assim como o vento, que sopra e se espalha em todas as direções.
Essa associação com o georreferenciamento amplia o significado da instalação, transformando os ventiladores em metáforas do movimento constante da arte, que pode ser rastreada e vivenciada em múltiplos lugares. A vestimenta dourada, esvoaçando ao vento, simboliza uma presença que, mesmo ausente fisicamente, continua a marcar o espaço de maneira simbólica. Assim como o marco histórico digital permanece registrado, a vestimenta sugere que o impacto da performance continua a reverberar, impulsionado pelos "quatro ventos" que carregam essa memória.
Além disso, a obra explora o conceito de efemeridade. O vento, elemento invisível, carrega a memória da performance, enquanto a vestimenta vazia evoca o corpo ausente do artista. A interação dos ventiladores com o tecido cria um ciclo contínuo de movimento, um eco constante do gesto performático, ligando a peça ao tema central da ocupação: a continuidade em suas múltiplas formas.
"Os Quatro Ventos" serve como uma reflexão sobre o deslocamento e a permanência, conectando o presente físico com o espaço digital, e sugerindo que a arte, como o vento, é capaz de atravessar fronteiras, marcar espaços e deixar vestígios, tanto no mundo real quanto no virtual.