Peça #19:
"A próxima afirmação é verdadeira. A afirmação anterior é falsa."(Letreiro Digital).
O Letreiro Digital é uma peça que desafia a lógica e provoca reflexões sobre os paradoxos da linguagem e da verdade. A frase programada no letreiro – "A próxima afirmação é verdadeira. A afirmação anterior é falsa." – É um famoso exemplo de um paradoxo autorreferencial, conhecido como o Paradoxo do Mentiroso. O ciclo sem fim entre verdade e falsidade cria um jogo mental no espectador, forçando-o a confrontar as limitações da linguagem e as contradições da lógica.
Posicionado estrategicamente para ser lido em um ciclo infinito, o letreiro sugere uma continuidade que nunca se resolve. Cada vez que o espectador tenta encontrar uma resposta definitiva, ele é conduzido de volta ao ponto de partida. Esse efeito ecoa o conceito de "formas múltiplas de continuidade no espaço", tema central da ocupação, ao brincar com a ideia de que não há um fim claro ou uma verdade absoluta.
O Letreiro Digital também questiona o papel da tecnologia e da programação na criação de sentidos. O simples código que faz o letreiro funcionar é ao mesmo tempo uma ferramenta e uma armadilha conceitual: ele repete uma sequência lógica que, por sua própria natureza, nunca pode ser totalmente compreendida ou resolvida. Ao escolher um formato digital para transmitir essa mensagem, Mury cria uma conexão direta entre a arte contemporânea e as reflexões filosóficas sobre os limites da linguagem e da comunicação.
A obra é uma provocação sobre como processamos informação e sobre nossa busca incessante por respostas em um mundo cada vez mais dominado pela tecnologia. O espectador, ao se deparar com o letreiro, é convidado a questionar suas próprias certezas e a refletir sobre a natureza ilusória da verdade em um mundo que parece mais confuso e contraditório a cada dia.