Peça #25:

"Foto da foto" (efeito Droste)

"Foto da Foto" é uma obra que explora a relação entre tempo, memória e representação visual. Nela,  a uma mão fotografada segurando uma fotografia da performance que Mury realizou no mesmo local onde a imagem foi originalmente capturada. Ao reinserir a fotografia impressa no espaço real, ele cria um jogo visual que desafia as fronteiras entre o tempo presente e o passado registrado.

O conceito de "efeito Droste" se manifesta na repetição e no encaixe perfeito da imagem antiga no cenário atual, quase como se a fotografia se expandisse para além de seus próprios limites. Esse fenômeno, onde uma imagem contém a si mesma em uma sequência infinita, cria uma ilusão visual que evoca tanto o fascínio quanto a vertigem. Embora a obra não produza um efeito Droste completo, ela sugere essa multiplicidade de camadas temporais e espaciais, aproximando-se da ideia de continuidade e repetição.

Ao sobrepor o presente ao passado, Mury reflete sobre a natureza da memória e sobre como a fotografia atua como um veículo para o tempo. A foto se torna uma janela para um momento anterior, mas, ao ser recontextualizada no mesmo lugar, ela também se torna parte de um novo presente. Essa sobreposição de temporalidades cria um diálogo entre a permanência e a efemeridade, questionando o que realmente permanece quando uma imagem é reintroduzida no espaço real.

"Foto da Foto" também brinca com a ideia de autenticidade e originalidade, temas recorrentes no trabalho de Mury. Ao reintegrar uma imagem previamente capturada no mesmo local, ele desafia a noção de que uma fotografia é uma representação fixa de um momento. Em vez disso, a fotografia aqui se transforma em um objeto fluido, parte de um ciclo contínuo de repetição e renovação.

A obra dialoga com a ideia central de "Formas Múltiplas de Continuidade no Espaço", ao propor que o tempo e o espaço não são entidades fixas, mas camadas interconectadas que podem ser revisitadas, reconfiguradas e reinterpretadas. Ao convidar o espectador a observar essa sobreposição, Mury não apenas revela as complexidades da memória e da representação, mas também transforma a fotografia em uma experiência viva, constantemente renovada pelo contexto em que é vista.