Peça #13:
"Eterno Retorno" (Fita de Möbius)
A Fita de Möbius, intitulada Eterno Retorno, é uma representação visual de infinitude e continuidade, uma superfície que, embora pareça simples, desafia as noções de início e fim, interior e exterior. Com esta obra, Alexandre Mury remete à clássica ideia matemática de um plano unidimensional que, ao torcer-se sobre si mesmo, cria uma figura paradoxal — um objeto com apenas uma face e uma borda.
Essa escultura ecoa a abordagem da artista brasileira Lygia Clark, especialmente em suas icônicas obras da série Bichos, que desafiavam as convenções da escultura tradicional ao permitir a interação do espectador com as peças. Embora a Fita de Möbius de Mury não seja manipulável, ela compartilha com as obras de Clark a característica de poder ser disposta de diferentes maneiras, explorando a multiplicidade de significados que surgem a partir de cada novo ângulo e disposição.
O título Eterno Retorno sublinha essa ideia de repetição infinita, evocando também conceitos filosóficos de tempo e ciclo, onde passado e futuro se entrelaçam numa continuidade inescapável. A peça propõe uma reflexão sobre a recorrência de formas e ideias, tanto na arte quanto na vida, sem uma conclusão definitiva — uma metáfora visual da repetição e da transformação constante.
Disposta de maneira que o público possa observá-la por diferentes ângulos, a escultura desafia a percepção e se alinha ao conceito de "formas múltiplas de continuidade no espaço". Assim, a obra não apenas homenageia, mas também reinventa, o legado de artistas como Lygia Clark, enquanto propõe uma nova leitura sobre o fluxo contínuo do tempo e da matéria.
Essa obra não é apenas uma homenagem a um conceito matemático e filosófico, mas também uma meditação visual sobre a nossa própria percepção de tempo e espaço. A Fita de Möbius, ao transformar uma ideia abstrata em uma escultura concreta, oferece ao público a oportunidade de interagir fisicamente com o infinito e, de certa forma, com o próprio conceito de eternidade.