Peça #15: "DESVER - Espelho do Esquecimento" (Espelho interativo com interruptor de iluminação)
Ao contrário do reflexo imediato e nítido que se espera, desafiando suas funções tradicionais, esse espelho revela algo mais profundo: a palavra “Desver”. Este termo, que tem ganhado força nas redes sociais e na cultura contemporânea, carrega a ideia paradoxal de tentar “desver” algo que já foi visto — um desejo impossível, mas muitas vezes presente nas nossas vivências.
O espelho, ligado a um sistema de iluminação, funciona como um portal entre dois estados de percepção. Quando a luz está apagada, ele reflete como qualquer espelho comum, mas, ao acender, a superfície espelhada desaparece, e a palavra “Desver” aparece no lugar. Essa transição entre a ausência e a presença da palavra sugere uma tensão entre o que vemos e o que preferiríamos esquecer, revelando a impossibilidade de apagar certas experiências ou memórias.
A escolha do título, Espelho do Esquecimento, brinca com a ideia de vaidade associada aos espelhos, mas a transforma em algo mais filosófico e existencial. A obra nos convida a refletir sobre a natureza da visão e da memória, confrontando-nos com a ideia de que, uma vez que algo é visto, ele permanece gravado em algum nível, por mais que tentemos desver.
Neste contexto, Espelho do Esquecimento também se alinha ao conceito de "formas múltiplas de continuidade no espaço", ao trazer a metáfora de que o passado está sempre presente, mesmo quando tentamos apagá-lo. O ato de ver e desver se torna uma representação da continuidade da memória, que persiste apesar de nossos esforços para esquecê-la.