A Peça 12, "Escultura com Espelhos", é uma instalação que ocupa o centro da icônica Sala do Espelho da Casa de Cultura Villa Maria. Esta obra consiste em uma escultura inspirada na forma de Formas Únicas de Continuidade no Espaço, de Boccioni, mas aqui, ela é revestida por fragmentos de espelhos de diferentes tamanhos, que cobrem toda a superfície da peça. Ao redor da escultura, no chão, há um mosaico de cacos de espelhos que amplia e reflete a figura, criando um efeito visual fragmentado e caleidoscópico.

O local escolhido para a obra não poderia ser mais apropriado: a Sala do Espelho, com sua arquitetura eclética e o grande espelho fixo na parede, completa a instalação, duplicando e distorcendo as reflexões. A relação entre a escultura, o espaço e o público é central para o conceito da peça. Ao circundar a obra, os visitantes não apenas observam a escultura, mas também veem suas próprias imagens fragmentadas, fundindo-se com a escultura e com o espaço ao redor.

A obra propõe uma reflexão sobre a multiplicidade da identidade e a percepção fragmentada do sujeito contemporâneo. Assim como as formas refletidas no espelho nunca são fixas, a ideia de identidade na arte e na vida moderna também está em constante fluxo, sempre em movimento e fragmentação. A escolha dos espelhos também dialoga com a tradição do uso do espelho na arte, desde as Vanitas renascentistas até o trabalho de artistas contemporâneos que usam reflexos para questionar a autorrepresentação e a ilusão.

Essa escultura com espelhos atua como uma metáfora visual para as "formas múltiplas de continuidade no espaço", onde cada reflexo representa uma possibilidade, uma multiplicidade de interpretações e percepções que nunca se esgotam em uma única leitura. O público torna-se parte da obra ao interagir com suas próprias imagens refletidas, criando uma conexão entre a arte e a experiência pessoal, ao mesmo tempo em que expande o significado da obra no espaço físico e simbólico da exposição.