Peça #18: "Pseudocuradoria" (Catálogo da Exposição)
A obra "Pseudocuradoria" de Alexandre Mury extrapola as fronteiras entre artista, curador e tecnologia ao reimaginar o papel do catálogo em uma exposição. Neste projeto, Mury colabora diretamente com a inteligência artificial na criação de um catálogo que vai além de sua função convencional. Em vez de apenas registrar as obras e conceitos da ocupação, o catálogo torna-se parte integrante da exposição, assumindo uma dimensão crítica e conceitual própria.
O termo "pseudocuradoria" reflete a provocação central da obra: a subversão do papel tradicional do curador como mediador entre o público e a obra de arte. Aqui, Mury coloca a inteligência artificial em cena como uma "pseudo-curadora", questionando o que significa autorizar, validar e interpretar uma exposição de arte. Ao desafiar a noção de autoria e originalidade, a peça sugere que o processo de curadoria pode ser compartilhado com uma entidade não-humana, gerando novas camadas de significado e interpretação.
O catálogo, portanto, não é um simples registro documental. Ele carrega em si o potencial de criar novas narrativas e interações, ao mesmo tempo em que desestabiliza as hierarquias tradicionais da arte. A interação entre o artista e a IA constrói uma espécie de "curadoria automatizada", que explora os limites do controle humano sobre a criação e a interpretação.
"Pseudocuradoria" também é uma reflexão sobre o impacto das novas tecnologias no mundo da arte. Ao abdicar de um curador humano, Mury abre espaço para que o catálogo funcione como uma obra conceitual independente, uma peça que questiona a relação entre o humano e a máquina, e, por extensão, entre a criação artística e a sua mediação.
Com isso, o catálogo assume um papel ativo na experiência da ocupação, não apenas documentando, mas também moldando a percepção do público sobre o que significa criar, interpretar e compartilhar arte em um contexto onde a tecnologia desafia as normas estabelecidas. Cada página e cada reflexão no catálogo é parte de uma provocação maior sobre a autoria, a autoridade e a própria função do curador na contemporaneidade.